segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

VIAJAR EM "PINGA-PINGA"

O ônibus é um transporte
Que no trânsito é referência
A maioria do povo
A ele dá preferência
Mas se é um "pinga-pinga"
É preciso paciência.

Ele para em todo canto
o seu trajeto é assim
Para na pista, no beco
Em rua, praça e jardim
Mesmo uma distância curta
Parece que não tem fim.

Em todo lugar que passa
Desce gente, sobe gente
Há uns que conversam muito
Outros dormem facilmente
E vez por outra de leve
Escapa um ar diferente.

Aqueles que roncam muito
Tendo o corpo adormecido
Ao se mexer na cadeira
Escapa um "pum" espremido
Cuja fragrância é igual
Desodorante vencido.

Um canta e outro aboia
Um assovia, outro grita
Um bêbado fala besteira
Uma criança vomita
E um velho ressona alto
Que o canto da boca apita.

Se vão dez ou doze em pé
Ao passar por um buraco
O solavanco é tão grande
Que desmaia quem é fraco
Mas o pior é o bafo
Da catinga de sovaco.

Precisa manter a calma
Sem pra nada está ligando
Procurar se entreter
Sem ver o tempo passando
Para aguentar o ônibus
Parando de vez em quando.

Quem não quer sofrer maçada
E por qualquer coisa xinga
Para evitar desconforto
De imprensado ou catinga
Vá direto em seu carrão
Ou viaje de avião
Mas não vá em "pinga-pinga".

Autor: Zé Bezerra

Obs.: Versos escritos durante uma viagem em "pinga-pinga" de Patu a Pau dos Ferros-RN.

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